Faz tempo que tenho vontade de contar algumas aventuras e passeios dos meus tempos de jornalista.
Revendo essas fotos de Guararema e da igreja de Nossa Senhora da Escada, resolvi que já era hora.
Em 2012 estava fazendo cobertura das eleições, e num fim de semana estávamos eu e a minha colega de bobeira na casa que alugamos em Poá, na região do Alto Tietê.
Então, fomos passear nas cidades vizinhas indo até a nascente do rio Tietê.
Entre as cidades, está a bela Guararema.
Para quem não sabe, essa região, historicamente, é o início das colonizações do interior brasileiro.
É a região marcada pelo rio Tietê, que levou os bandeirantes, tropeiros, mineiros pelo sertão adentro.
Nem falarei que é o início da destruição dos povos originários…
Junto com eles, os Jesuítas, que foram construindo colégios de catequese, igrejas etc.
No meio de várias igrejas “quatrocentonas” da região, esta pequena e linda capela, Nossa Senhora da Escada, e a aldeia de mesmo nome, nasceu no século XVII (1652).
Aqui está o núcleo inaugural da atual cidade de Guararema.
Este aldeamento, às margens do Rio Paraíba, está nas antigas terras do capitão-mor de Mogi das Cruzes, Brás Cardoso.
Aqui construíram uma igreja e um arraial.
A igreja, construída pelos índios sob a orientação dos jesuítas, em taipa de pilão e pau-a-pique.
É uma capela barroca, e um dos poucos remanescentes da arquitetura religiosa dos jesuítas, com planta em nave única, capela-mor e dependências nos fundos.
O convento, situado no prolongamento da elevação da igreja, encontra-se dividido em dois pavimentos, muito alterados no decorrer do tempo.
Os jesuítas foram expulsos pelo governo do Marquês de Pombal em Portugal.
Então os monges franciscanos passaram a administrar a igreja e convento, construído em 1732.
Também a nova capela é desta época, onde está a atual Igreja Nossa Senhora da Escada.
Depois vieram outras reformas até o tombamento pelo IPHAN em janeiro de 1941.
A arquitetura da igreja é tipicamente barroca, com suas paredes construídas em taipa de pilão.
O Arraial da Escada representa a formação do próprio Município de Guararema.
Situada na Freguesia da Escada, a 3,5 quilômetros do centro da cidade, a Igreja resistiu à ação do tempo.
Mesmo passando por reformas e ampliações até ser tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional, a igreja manteve muitas características originais.
Então, em 1982, a Igreja passou por uma reforma definitiva quando foi construída a praça em frente.
A Igreja de Nossa Senhora da Escada tem duas grandes curiosidades:
Para começar, “Nossa Senhora da Escada” é uma das muitas denominações da Virgem Maria.
Então, esse nome se deve a uma capela dedicada à Nossa Senhora da Conceição dos Navegantes, cuja capela ficava à margem do rio Tejo, e que era acessada por uma escada.
Com eles veio a imagem, já denominada “da Escada”, colocada no local.
Porém existe outra versão mais popular: os índios, quando enterravam os seus mortos, construíam uma escada no túmulo.
De acordo com as crenças, a alma precisava de uma escada para subir ao céu.
Então os padres Jesuítas colocaram uma “escadinha” no braço da imagem de Nossa Senhora.
Desse modo os jesuítas se aproximaram dos índios e os catequizaram.
A outra curiosidade tem a ver com o título desse artigo.
É sobre a devoção de São Longuinho, aquele que ajuda a encontrar coisas perdidas.
Sabe aquela coisa? (se eu achar tal coisa, dou três pulinhos?).
Então, a paróquia histórica de Guararema é a única Igreja do Brasil que possui a imagem de São Longuinho no altar.
Isso mesmo! São Longuinho, padroeiro dos objetos perdidos.