Vamos começar dizendo que hoje, 6 de maio, é aniversário de morte da minha mãe.
Neste ano horroroso de 2020 faz 41 anos já que ela se foi e sinto falta dela como se fosse ainda uma ferida aberta.
Há pessoas que vão dizer: “nossa! Supera isso!”
É como se o fato de perder uma pessoa muito amada fosse algo como perder um pé de meia.
Mas essas pessoas (pobres delas), vivem no mundo onde coisas são mais importantes que pessoas.
Elas não fazem ideia de que essa dor que eu sinto é como a dor de perder a perna.
É a perda de algo que me faz ficar em pé e andar, ou outro órgão vital, como o coração.
Minha mãe, no pouco tempo que convivemos neste planeta (apenas 17 anos) era o ser mais especial do mundo.
Não me corrigia com surras, mas apenas com palavras.
Me ensinou que a violência não é resposta para nada.
Que um erro não justifica outro.
E que se deve fazer de tudo para não magoar aqueles que amamos, mesmo que nós fiquemos magoados.
Neste mundo pandêmico, onde as pessoas estão enlouquecidas em seus isolamentos, vejo as mais diversas reações.
Alguns preferem fazer tudo errado só para não ficar longe dos amigos e da farra.
Mas esquecem suas famílias, que elas colocam em risco com suas irresponsabilidades.
Outras pessoas estão com os corações partidos porque não podem estar mais perto daqueles que amam e apenas abraçar.
E mais ou menos assim que me sinto em relação à minha mãe, e já faz 41 anos.
Não posso abraçá-la.
Sentir seu aconchego, ou mesmo seu olhar duro quando dava uma bronca.
Acreditem em mim, com tanto ladrão de oxigênio neste mundo, nunca senti tanta falta da minha mãe.
No próximo domingo, em que se comemora o dia das mães, sei que as mães de verdade serão lembradas.
Sei que aquelas que dão até suas almas para seus filhos serão lembradas como a minha mãe será.
Serão lembradas como minhas tias, que também já se foram.
Como minhas primas que são mães serão.
Porque há muitas mães de verdade neste mundo.
Mesmo que seus filhos não correspondam a tudo o que elas lhes deram.
E todas as mães merecem ser abraçadas; neste momento, apenas espiritualmente, como eu abraçarei minha mãe.