Passear por São Paulo é voltar ao passado


Mesmo que a cidade seja muito cosmopolita, São Paulo tem em si tantas histórias que mais parece uma máquina do tempo.

Passado, presente e futuro se juntam em suas ruas, das quais sinto grande falta, especialmente depois de mais de um ano sem poder visitar para meus pobres estudos.

Tinha planos de fotografar a Igreja do Rosário dos Pretos no Paissandu, para um post mais elaborado do blog, assim como a Igreja do Carmo e outras construções centenárias da capital paulista.

Minha saída durante a pandemia foi reler alguns livros (muito antigos!) que garimpei nos sebos do centro velho.

A maioria desses livros veio do sebo do Messias, que frequentava com meu pai no começo dos anos 1970.

Saudades do meu pai e do sebo.

Mas, vamos à sugestão de livros.

O primeiro é “São Paulo dos meus amores”, de Afonso Schmidt, publicado pelo Clube do Livro de São Paulo em janeiro de 1954.

Esse livro veio para as comemorações do 4º centenário de fundação da vila de São Paulo de Piratininga.

Nele, o autor, poeticamente, faz uma construção da epopeia da cidade, começando por falar do rio que mais a define, o Tietê, antes chamado de Anhembi.

Depois vêm as histórias bonitas e tristes, porque a cidade vive e a vida da cidade são as pessoas que nasceram, cresceram e fizeram a história, construíram, trabalharam.

Então essas histórias, nada parecidas com os contos de fadas mostram a vida como ela é.

Em um trecho do capítulo “São Paulo que desaparece”, o autor fala sobre o Largo da Cadeia, atual praça João Mendes, e sobre as visitas de “São Jorge” ao local (a força pública se aquartelava ali).

Diz a lenda que um certo ano, o santo caiu do cavalo e sua lança feriu as costas de um soldado.

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Dizem que teve até julgamento e cadeia, mas o autor não comprova.

E desse trecho vou ao segundo livro, cuja história se aprofunda no Largo da Cadeia.

Falarei especialmente na história do soldado Chaguinhas e a sua morte no Largo da Forca, atual praça da Liberdade.

O livro, “Santa Cruz dos Enforcados” (1937), de Nuto Sant’Anna, narra a história das revoltas dos soldados, que não receberam seus soldos e cujas famílias passavam grandes necessidades.

Os revoltosos, entre eles o Chaguinhas (Francisco José das Chagas) foi preso e condenado à morte.

Então, o Chaguinhas ia ser enforcado quando a corda se rompeu três vezes.

O suplício continuou até que foi morto por outros meios.

Era 1821, um ano antes da Independência.

No local uma cruz foi erguida no local da forca para apontar a injustiça que só parece acometer os despossuídos.

Depois disso, veio a capela de Santa Cruz das Almas dos Enforcados, construída a partir de 1887 e ainda hoje está lá.

O lugar onde as velas nunca se apagam.

Descendo a rua, chega-se ao Beco dos Aflitos, onde a Capela dos Aflitos conta as histórias que restaram dos desvalidos antes enterrados no local.

É uma história triste, entre tantas, mas que ainda estão ali, junto com os fantasmas de quem construiu a cidade, que voltarei a visitar, se Deus quiser!

Por enquanto só nas páginas dos meus livros…