Estamos vivendo tempos muito difíceis, mais do que jamais vivemos, e por motivos que só minha memória consegue explicar, nunca pensei tanto no escritor Sergio Porto, vulgo “Stanislaw Ponte-Preta”.
Então: ele ficou famoso escrevendo crônicas bem-humoradas sobre este país de doidos inconsequentes chamado “Terra de Santa Cruz”, “Ilha de Vera Cruz”, Brasil… Pareceu irônico caro leitor? É proposital.
O autor morreu em setembro de 1968, quando eu tinha apenas 45 anos, mas sua obra, assim como a de muitos outros do mesmo segmento, me guiou como jornalista e redatora.
E se esse escritor ainda estivesse vivo, teria um terreno fértil para muitas obras, já que gente burra e histérica (não vou adoçar a boca de ninguém) continua nascendo no Brasil feito mato na calçada.
Lá nos anos 1960, estávamos sob uma ditadura militar, cheia de torturas, perseguição à liberdade de imprensa e de outras liberdades.
Um regime que fazia as verdades desaparecerem no meio de uma teia de mentiras, corpos mutilados e cortinas de fumaça.
Está parecendo com a situação que nos foi deixada?
E é, com o acréscimo de um vírus mortal que nos deixou um saldo de 700 mil mortes e mudou vidas, mas não nosso modo de respeitar ao próximo, que está cada dia pior.
Nos anos 1960 tínhamos entidades tentando defender os indígenas e as terras que lhes pertenciam muito antes das invasões europeias, e ainda estamos lutando por isso.
Meu Deus! Ninguém evoluiu não? Sabe o que é pior?
É que ainda temos os burros que acreditam na “maldade” indígena, como se eles fossem os algozes, os destruidores, e não nós.
Ainda estamos esperando a tal invasão comunista que nunca aconteceu.
E não vai acontecer, porque só vocês não veem que isso é histeria de mente doente para enlouquecer a cabeça fraca de muitos.
Qual é o problema dessa gente?
Preferem acreditar em invasores externos, gente que está desmatando, destruindo, dominando, mutilando, envenenando, mas não conseguem ver quem são as pessoas que elegeram?
É tão difícil assim reconhecer que fez uma cagada?
Porque insistir em defender quem não precisa de defesa e nem merece?
Ainda esperamos que as pessoas desembestem e parem de fazer sacrifícios aos ídolos de pano.
Gente que acha que a terra é plana; que invermectina cura algo mais do que piolho; ou que andar armado vai livrar a pessoa de uma violência; que aquele deputado “conseguiu” uma emenda parlamentar para trazer dinheiro à sua região para o combate de uma doença que é prioridade mundial.
E o pior é que essas pessoas agem como se tivessem tirado dinheiro dos bolsos delas. Que feio! E tem idiota que acredita!
Tenham consciência de que não estamos sendo governados, estamos sendo roubados e mortos.
Se não é morte de vírus, é morte de fome, de frio, de necessidade daquilo que é nosso direito natural.
Porque nós temos direitos e as pessoas que os defendem não são os “vagabundos”.
Apenas pessoas de consciência.
Mas será que vocês sabem o que é consciência ou a preguiça cerebral já pegou vocês?
Todos os dias vejo nossos direitos sendo diminuídos e nossos deveres aumentados.
Não há uma só conta de serviços que não esteja sobretaxada.
E nada foi feito com investimentos para que energia e água limpa fossem distribuídos à população.
Pagamos para manter as ruas seguras, mas o policiamento só funciona quando vamos protestar contra tanta maldade e injustiça.
Porque, infelizmente de modo geral, temos bandidos de fardas, que não protegem e nem defendem.
Se Stanislaw estivesse vivo, teria farto material, mas talvez, assim como eu, ele não achasse a menor graça.
Longo festival de besteiras que assola o país, como pessoas gritando contra a corrupção só porque não foram beneficiadas com ela, ou gente que “acha” que sabe o que está acontecendo.
Então: ainda temos que aguentar o besteirol da mídia, que, muitas vezes, está fazendo pesquisa na rede social ao invés de procurar fontes confiáveis.
Nos tempos do Stanislaw isso era válido até para escrever páginas de humor.
Vai ter gente usando o termo “cringe”, que é mais uma besteira para nomear o conflito de gerações que existe desde que o mundo é mundo.
E eu, mais uma vez vou dizer que falta de conteúdo é o pior problema. Ou a falta de vergonha na cara…
Muitas pessoas vão ler (ou não, já que elas não aprenderam a ler), talvez nem saibam do que estou falando, porque elas não aprenderam a pensar ou a interpretar o texto.
Vocês podem dar a denominação ou rótulo que quiserem, mas a verdade é apenas uma: não há conteúdo nessas pessoas que dura por séculos, porque isso é mais um festival de besteira.
Em outros tempos falaríamos em “falta de vergonha na cara”.
A tempo, este texto eu escrevi em tempos do pior desgoverno que este país já viveu, e olha que minha infância e adolescência foram sob ditadura militar.
Estamos tentando reconstruir. Temos muitas dificuldades pela frente.
Ainda não podemos soltar a mão de ninguém e nem relaxar e comemorar.
Precisamos é começar a resolver os problemas e de preferência, fazendo menos besteiras e sendo mais espertos.