Dia dos pais para inglês ver?


Hoje é dia dos pais e, claro, tenho pensado muito no meu, que se foi há mais de 40 anos, no dia do nosso aniversário. Pois é.
Nasci no aniversário de 31 anos do meu pai e o perdi quando fiz 17.
Tantos números e isso não significa nada. Porque não era um relacionamento fácil.
Dois bicudos não se beijam.
Mas prefiro lembrar que algumas coisas nele eram ótimas e que ele tinha seus momentos!
Era dessas pessoas que acordam cedo e fazem o café para a família, trazem o pão e, naqueles idos dos anos 1960/70, compravam os jornais, que todos nos habituamos a ler.
Aliás meus pais me transmitiram a necessidade de leitura para ser uma pessoa melhor.
Meus pais me mostraram que violência não resolve a violência.
Quero falar nos dias em que, já perto do fim não sabido, ele meio que resolveu vencer o vício e parou de fumar e beber.
Aliás, ele falava que o fumo era mais torturante.

Mas ele tinha um motivo: minha irmã estava grávida do primeiro neto.

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Que bom que ele foi avô

Esse neto alegrou o último ano e meio de vida do meu pai. Ele adorava fazê-lo rir, e dizia o tempo todo que o “menino é tão lindo!”.
Mas esse preâmbulo é apenas para chegar ao ponto chave: como será o seu dia dos pais no domingo?
As homenagens de comercial de margarina, com pais tão perfeitos que não existem?
Ou aquele amor sincero que vem do respeito mútuo? 
De saber que aquela figura está ali para o que der e vier, mas que também é uma pessoa, e não um super-herói?
As relações entre pais e filhos mudaram com o tempo. Descobertas aconteceram e os papéis mudaram.
Temos um número gigante de mães criando filhos sem pai, porque estes abortaram seus filhos sem ser criminalizados por isso, mas também não os podemos chamar de pais.
São participantes de um ato que deveria ser sublime e foi transformado em algo inominável.
A sociedade precisa parar de aceitar o abandono parental.
Mas não quero falar desses inomináveis.

Qual é o seu legado?

Quero falar dos pais que criaram uma nova vida e sabem que a própria existência mudou no instante em que se tornaram pais.
A esses quero dirigir a pergunta: qual será o seu legado? E não falo aqui de deixar heranças materiais, mas deixar bens que ninguém pode roubar.
Você luta para deixar um mundo melhor para seus filhos?
Fica indignado quando alguém fere, mesmo que com palavras, suas crianças?
Permanece ao lado deles enquanto leem? Estudam?
Brinca com eles? Seus filhos irão se lembrar de você como alguém que estava ali para o que desse e viesse?
Você aceita tudo o que seu filho ou filha é?
Muitos dirão que sim, porque há bons pais neste mundo.
Mas também há aqueles que deixaram seus filhos “órfãos de pai vivo”, pois mal prestam atenção ao que estes fazem, já que as telas dos celulares ficaram mais interessantes
Também há os que não aceitam seus filhos porque eles não seguem seus pensamentos tacanhos. Que triste
Meu pai passava muitas horas lendo jornais, mas sempre respondeu quando chamado. E o seu pai? Como foi ou é seu relacionamento com ele?
Nesse momento quero muito lembrar os pais de amigos meus, que forma pais para mim, já que o meu não estava mais neste mundo.  E lembrar amigos e colegas que viraram pais.
E homenagear o pai que meu sobrinho, aquele que mudou a vida do meu pai (!), se tornou. Ele é imperfeito, porque todos somos.
Mas ele já descobriu que filhos não vêm com manual de instruções, e que precisamos nos adaptar e nos reinventar todos os dias para atender às necessidades das vidas que criamos.
Esse meu sobrinho, que amo mais do que se fosse meu próprio filho, não sei se ele percebeu, mas é um vencedor, porque foi criado sem um pai e tem se mostrado ótimo nessa função.
E em nome dele desejo de coração que os pais de verdade tenham dias lindos!

Feliz dia dos Pais Dé!

Em tempo: a foto principal é do meu pai comigo no colo. A outra é do Dé… “A long time ago, in a galaxy far away”. Perdoem-me a qualidade, mas fotos muito antigas são assim mesmo. Elas desbotam, assim como nós, mas os sentimentos ficam.

 

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