Tenho me privado de escrever. Por que seria?
Talvez porque ando achando que estou roubando oxigênio de alguém que merece mais que eu.
Não espero com isso atrair simpatias, mas sei que este não é o texto que alguém busca quando vem a este blog.
Muitos vêm atrás de uma receita, ou de um texto engraçadinho, mas este aqui não é o caso.
Então, se não estiver com vontade, ignore e siga a vida.
Porque neste texto eu vou chamar a atenção para gente que não faz outra coisa na vida além de criticar.
Estou cansada da pessoa que passa pelo morador de rua e faz de conta que ele é o problema.
Exausta da pessoa que não move uma palha em prol de qualquer causa.
Sim. Eu sei que são muitas e deveríamos ter soluções a muitos problemas.
Mas se você não se engaja em nada, entenda que há pessoas que se engajam.
NÃO AS CRITIQUE POR ISSO!
O que estou dizendo com minhas palavras tortas é o seguinte: se você não quer dar uma esmola, não dê, mas pare de criticar quem dá.
E por favor, pare de criticar quem pede. Você não sabe o que fez aquela pessoa chegar a isso.
Quanto mais você critica, mais faz ver aos outros a pessoa que você é.
Estou dizendo isso porque me incomodou uma coisa que eu vi em São Paulo esses dias.
Um cidadão de rua (sim é um cidadão!) entrou num restaurante para pedir comida e… foi enxotado.
Isso por si só já é uma atitude horrível, mas o pior é ouvir comentários de alguns convivas sobre “essas pessoas de rua” que preferem isso a trabalhar.
Só me lembro de levantar dali, porque perdi a fome, e dizer: “claro, todo morador de rua levanta um dia da cama e decide que vai morar na rua; sem saúde, segurança; um lugar para se banhar ou fazer suas necessidades; roupa…”.
Não, eu não sou uma pessoa maravilhosa, e nem acho que eu faço algo de fora do comum, mas ao menos eu sei que respostas simplistas são para pessoas medíocres.
Então: não há uma resposta simples para o problema, mas a gente poderia começar parando de defender privilegiados que NÃO conseguiram seus bilhões trabalhando e sim explorando quem trabalha.
Tem muito espertalhão brincando de pedinte? Então: tem!
Mas tem muito mais espertalhão dando golpes de bilhões no mercado e roubando quem trabalha pra eles.
Eu não sei vocês, mas não quero estar do lado desses “vitoriosos” que exploram pessoas e prostituem corpos e mentes para fazer seus milhões.
Quando saio para a rua eu gostaria de ver árvores, flores, crianças brincando, e não a dor que vejo.
Podem me criticar o quanto quiserem, mas eu sei que só não sou aquele morador de rua porque tive muita ajuda de amigos e familiares. Eu sei!
Estou tentando escrever sobre isso há dias, mas cada vez que começo eu vejo algo mais grave me chamando a atenção.
É um homem tratado como lixo por policiais que, para mim, são piores que monstros, e por quê? Por roubar bombons.
Onde estão os que desfalcaram a Caixa? As Americanas? Onde estão os que tiram ao invés de dar chance a quem vai acrescentar?
Muito cansada de ver todos os dias o mal voando enquanto o bem nem calçou os sapatos.
Se você acha mesmo que está certo alguém ser torturado, por favor, se afaste de mim.
Não quero ter parte com gente que acha que precisa destruir tudo.
E por tutatis! Pare de usar Deus para justificar a sua maldade.
Antes de criticar o seu próximo, olhe bem o que você faz.
Você tem todo o direito de se engajar ou não se engajar, mas pare de criticar quem faz isso e quem luta por alguma coisa.
Estamos em uma luta desigual para preservar os direitos de povos originários, e isso deveria ser tema resolvido. Mas parece que todas as lutas são esquecidas, e não só no Brasil.
Em 1978 os indígenas do povoado de Panzós foram massacrados e até hoje, ninguém pagou por suas vidas. Por terem tratado gente pior que lixo. (vejam a foto)
Começamos o ano vendo o que fizeram aos Ianomâmis.
Nem sei se revertemos a situação, mas sei que até agora não vi ninguém ser acusado, julgado e punido por isso.
Precisamos de que para ver alguma justiça ser feita?
Ainda temos milhões de famintos em um país que fabrica toneladas de comida, mas é claro que o problema é o MST e não o Agro que trata tudo como produto de exportação.
Chega. Nem consigo mais fazer sentido. É muito front de batalha para lutar.
Essas e outras dores estão em mim e eu deveria mover a mim e outros nesse sentido.
Mas, nesse momento, queria pelo menos um desses problemas resolvidos.
Não se preocupem leitores, voltarei à minha “programação normal” em breve.