Uma das construções mais antigas da região do Grande ABCDMRR, a Capela do Pilar, em Ribeirão Pires, SP, é um exemplar do estilo colonial bandeirista.
Construída em 1713, a inauguração da capela aconteceu em março de 1714 e restaurada entre 1985 e 1987.
Então, a capela perderia apenas para a de Santa Cruz, em Rio Grande da Serra, datada de maio de 1600.
Esta, porém, foi demolida e uma réplica foi inaugurada somente em 2011, portanto não conta.
Suas origens se ligam ao capitão Antônio Correa de Lemos, que “capitaneava” o bairro (freguesia) de Caguaçú.
O capitão mandava também na capitania de São Vicente e São Paulo de Piratininga entre 1703 e 1706.
A nomeação se devia, é claro, à busca de ouro, prata e pedrarias entre Taiaçupeba e Guaió .
Surpresa! Não acharam, mas ficaram doentes
Por conta da pobreza local em minérios, a Capela do Pilar era pobrezinha e simples.
Sendo assim, era diferente da Basílica Menor de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto (MG).
Diz a lenda que o próprio capitão Lemos procurou minérios e adoeceu, como muitos.
Então, com a cura, construiu a capela em promessa à Nossa Senhora do Pilar, que lhe proporcionou a cura por intercessão divina.
Assim, em 25 de março de 1714, um domingo, dia de santa missa, a capela de Nossa Senhora do Pilar, foi inaugurada, no dia dedicado à virgem do Pilar.
Outro fator que explica a denominação do templo é veneração da Virgem do Pilar no decorrer do Ciclo do Ouro como protetora dos bandeirantes paulistas, em especial no decurso da Guerra dos Emboabas (1707/1709).
Historiadores colocam a veneração à Virgem do Pilar a partir de 1690, quando a ordem dos carmelitas chegou ao País.
Outros colocam a difusão da Virgem com as Entradas e Bandeiras em busca de ouro.
O certo é que o próprio Capitão Lemos era membro da Venerável Ordem Terceira do Carmo, composta apenas por leigos (vide texto sobre igreja do Carmo – SP em “Tebas, o arquiteto”).
Naturalmente, ao falecer em 23 de julho de 1735, sepultaram o capitão na Ordem do Carmo, em São Paulo.
Por este motivo, acredita-se que Antônio Corrêa de Lemos, como bandeirante e membro da Ordem Terceira do Carmo, seguiu essa lógica.
Afinal era um caso de adotar o exemplo de outras fundações, como a de São Paulo (dedicada ao dia do Apóstolo Paulo), ou de São Vicente (dedicada ao dia de São Vicente de Zaragoza).
A Capela e sua função
A fundação da capela não foi um ato aleatório, mas planejada pelo próprio capitão-mor.
A presença do bispo Dom Francisco de São Jerônimo (de São Sebastião), e do Frei Pacífico, da Igreja de São Francisco, intencionavam o pagamento de uma promessa e, ao mesmo tempo, a obtenção de Indulgência Plenária, redimindo seus pecados.
Isso porque o contexto era de perseguição religiosa promovida por Dom Francisco de São Jerônimo, que foi inquisidor do Santo Ofício em Évora.
Com a morte do capitão Lemos, em 1735, aos 83 anos, o bairro do Caguaçú passou para outros capitães, mas nenhum teve a mesma importância.
Em 1809, um de seus sucessores, o capitão-mor João Franco da Rocha, acrescentou a torre sineira à nave da capela, com o patrocínio de João José Barbosa Ortiz.
Este último era dono de propriedades enormes no antigo Bairro do Caguaçú e da atual cidade de Mauá.
Então: em 1831, o povoado de Caguaçú se tornou o Bairro do Pilar, e se vinculou à recém-criada Freguesia de São Bernardo.
Foi então que, em 1974, o historiador Wanderley dos Santos desenterrou as primeiras informações históricas sobre a capela e sobre o atual município de Ribeirão Pires.
Sua monografia, publicada postumamente em livro com o título ‘História de Ribeirão Pires’, desmente a tese de que a capela era a antiga ermida de Santo Antônio, construída por ordens de João Ramalho ou de Brás Cubas, no século XVI.
Patrimônio Cultural e Histórico
Em 1975, a Capela do Pilar foi tombada (protegida legalmente) pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).
Assim, a Capela do Pilar firmou-se como um importante exemplar arquitetônico do século XVIII.
De dimensões menores, sua elevação frontal tem uma torre sineira.
No trecho que corresponde à nave, apenas uma porta, com verga em arco pleno.
Lateralmente, a fachada apresenta uma varanda circular, típica das construções bandeiristas. A edificação chegou até os dias de hoje praticamente inalterada.
Então, nos anos 1980, fazem nova restauração, que termina em 1987.
Em 2008, ocorre a segunda restauração, ambas coordenadas pelo CONDEPHAAT.
No ano de 2018, a capela foi tombada pelo CONDEP (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural e Natural de Ribeirão Pires).
Em tempo, a denominação Grande ABCDMRR, faz referência às sete cidades da região (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.).