Hoje quero falar da História, do silêncio dos vencidos, daqueles tidos como “bárbaros”, cuja cultura é apagada porque para os maus, não vale de nada.
Vamos aos fatos?
Semana passada alguns vândalos resolveram que já era hora de incendiar a estátua do bandeirante Borba Gato, o que gerou uma comoção por conta do ato de vandalismo.
Depois também criou um bando de defensores (do que meu Deus?) do dito personagem, que “não teria escravizado indígenas” e que era um santo sobre a terra.
Primeiramente vamos colocar uns pingos nos is.
Então: Borba gato fazia parte de um grupo denominado “bandeirantes”, que se movimentaram pelo interior do nosso país para procurar ouro (roubado para a coroa portuguesa), escravizar indígenas e ocupar o território.
O bandeirismo é o colonialismo exploratório e invasor
Eles, os bandeirantes, cumpriram suas funções à risca.
Enfim: dos mais de oito milhões de indígenas que havia no “descobrimento”, em 1500, houve uma queda para 700 mil indígenas em 1650.
Nos anos 1900, esse número chegou a 70 mil, o mais baixo registrado.
Então, qual o papel do Borba gato nesse extermínio? Não importa.
Não era ele que estava em chamas e sim uma estátua.
Um símbolo que deveria ser usado para dar o exemplo de tudo o que NÃO é ensinado nas escolas.
E se ele, o Borba, não escravizou, foi apenas por falta de oportunidade.
País de gente cordial?
Primeiramente, este país onde vivemos não é o lugarzinho cheio de gente boa.
Afinal, os escravos africanos não foram “trazidos” do continente negro.
Eles foram sequestrados de suas nações de origem e embarcados à força em navios fétidos.
Finalmente, se eles chegassem vivos por aqui eram vendidos em mercados como mercadorias.
Então vemos gente tratada como coisa.
Vocês conseguem entender como é que esse ranço chegou aos dias de hoje?
Indígenas, negros, tudo “coisa”. Não! Eram pessoas e são pessoas.
Vemos gente se achando melhor que isso, mas não se dá conta de que fica choramingando por causa de uma estátua.
Essas mesmas pessoas não se compadecem por causa dos milhões de pessoas que estão largadas nas ruas.
Pessoas que não têm nem forças para levantar a mão para pedir.
Tenham vergonha na cara! Isso sim é mimimi!
Centenas de milhares de mortos e vocês ficam se ocupando de estátua queimada.
Um genocida fala qualquer bobagem e vocês só faltam se estender no chão e deixar o trator passar.
Tenham vergonha na cara!
Como eu disse quando queimaram o Borba de pedra, parem com essa bobagem.
Temos que queimar o ranço que esse país não tira de cima, de achar que branco é que é gente. O resto é “coisa”.
Vocês acham que essa atitude de pensar que esse desgoverno deu um jeito em tudo?
E ainda tem gente livrando a cara de um genocida, como se tudo o que fez se curasse com um tapinha na mão.
Acordem criaturas!
Entenda que há pessoas pobres, pretas e indígenas sendo massacradas agora.
Então tenha consciência de que você é o próximo.
Vamos derrubar os muros das burrice e do preconceito
Sua maldade incendeia e desmata o Pantanal, a Mata Atlântica, o Cerrado e a Amazônia.
A falta de consciência incentiva a invasão de terras indígenas.
Enquanto você gasta seu tempo com fake news, milhões de pessoas perdem empregos, casas e correm atrás de lixo procurando comida.
Então: a Covid matou mais de 700 mil pessoas enquanto temos idiotas que ainda pregam contra a vacina.
Muito bem, tomei tudo quanto é vacina e não morri.
E estou aqui, viva e ouvindo um monte de idiotas falando e escrevendo bobagem.
Mas não para.
Porque temos pessoas que destroem locais de educação e cultura em nome da própria mediocridade.
Locais onde o conhecimento deve ser preservado como uma joia.
Você acha horrível queimar uma estátua? Sim é.
Mas mais horrível é fazer de conta que os milhões de famintos, escravizados (sim ainda temos escravos!), desesperados são coisas; são números.
São pessoas que precisam de ajuda. A sua ajuda, a minha ajuda.
Quando escrevi este post, em 2021, um incêndio queimou parte do acervo da cinemateca brasileira, lugar que deveria PRESERVAR A MEMÓRIA AUDIOVISUAL DO PAÍS.
Um incêndio muito avisado, após vários incidentes que envolveram abandono ao ponto do local sofrer com o descaso do ministério e da secretaria de cultura federal.
Isso me indigna mais que uma estátua (muito feia) queimada, porque a estátua não faz nada, a cinemateca preservava.
Hoje, em 2023, reescrevendo, aos trancos e barrancos, vejo que outros locais, grandes e pequenos destruídos, despejados, massacrados.
Um padre que ajuda famintos é apedrejado.
Um projeto que ajuda crianças e adolescentes carentes é despejado.
Então leio que o cara que destruiu recebeu 17 milhões em sua conta bancária de apoiadores.
Finalmente, não sei se quero viver neste mundo.
Pra mim já deu!