
No Dia do Curupira, dia da proteção das florestas, não são só os pés que estão ao contrário, são corações e mentes.
Logo cedo recebi um e-mail de uma das entidades que apoio lembrando isso.
Também lembram que as florestas garantem nosso bem-estar e saúde, e que a destruição causada por desmatamento e queimadas são a nossa destruição.
Mas, parece que nos tornamos suicidas, há muito tempo.
Se isso não é verdade, porque encontramos mais formas de destruir tudo do que para conservar e construir?
A vida humana não é uma omelete na qual precisamos quebrar ovos o tempo todo.
E não. A devastação não está sob controle.
Mesmo considerando que o primeiro semestre deste ano é o pó da rabiola do passado, o bioma da Mata Atlântica tem aumento no desmatamento em relação ao mesmo período de 2022.
Enquanto isso, no Cerrado, a devastação está fora de controle.
Então: no primeiro semestre de 2023, segundo o Sistema DETER, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o bioma registrou um aumento de 21% no desmatamento em comparação ao mesmo período de 2022.
Precisamos nos mexer para o Congresso não derrubar o presidencial com relação às ameaças à Mata Atlântica, às florestas de beira de rios e às Unidades de Conservação, presentes na MP 1150/2022.
A aprovação dessa medida coloca em risco a vida de todos nós, pretos, brancos, indígenas, de todos os lugares.
Porém, com ações concentradas de combate ao desmatamento, ainda é possível reverter esse cenário de destruição.
Gostaria de dizer que somos uma frente unida com relação à defesa, mas ainda não somos.
A Amazônia é um exemplo disso, com redução de 33% no desmatamento.

Entretanto, não quero falar apenas nos grandes biomas, porque vivo em uma região de Diadema que teve quase todas as suas áreas verdes suprimidas.
Hoje eu luto para que o Meio Ambiente da cidade tenha um pouco de senso e pare de cortar árvores sem discriminação, e que plante mais.
Quero uma cidade mais humana.
E onde entra o Curupira nisso?
Bem, como eu disse, hoje é o dia dele, o Curupira, personagem da mitologia indígena que é conhecido por ser o “guardião das florestas”.
Então, como protetor das florestas, o Curupira usa sua inteligência para pregar peças nos invasores das matas, que aparecem para causar danos à natureza.
Muitos desses invasores nunca mais conseguem retornar para suas casas.
Enfim, por conta dos truques de Curupira, eles não encontram a saída da floresta.
Como protetor da vida, o Curupira também é capaz de ressuscitar os animais assassinados pelos homens.
Esses poderes mágicos fazem com que ele vença a própria morte e amplie a possibilidade da vida florescer, mesmo os ambientes mais atacados pela ganância e maldade humanas.
Nas histórias, o Curupira é um espírito que vive nas florestas, sempre protegendo a natureza das ameaças da humanidade e, apesar de travesso, tem bom coração.
Hoje, além de pedir a proteção dele para as florestas, peço pelos povos originários.
Em um país onde se acredita em tantas mentiras, queria ao menos usar a mitologia para ver se consigo abrir alguns olhos.
A destruição nunca será a resposta para nada.
Sejamos nós também os Curupiras.
Há dezenas de pessoas e instituições que são pela preservação, Greenpeace, SOS Mata Atlântica, WWF-Brasil e tantas outras.
Procure se informar e ajude como puder.
Pense que, se não fazemos parte da solução, fazemos parte do problema.