Primeiramente, terá gente me amaldiçoando, mas é preciso lembrar.
É muito necessário ver o agora.
Quero começar falando que, esta manhã acordei e estava passando o documentário “Uma Noite em 1967”.
O filme fala de um festival da canção e de uma noite que mudou toda a música brasileira.
Eu tinha apenas seis anos quando aconteceu e me lembro como se fosse ontem.
Então: a televisão então não era o reino da novela. Não como é hoje.
Era o reino dos musicais, teleteatros, comédias de situação.
O filme de hoje me lembrou que minha infância não era longe da verdade.
A maioria das pessoas não escondia a verdade dos filhos.
Mas também havia uma grande parte que tampava o sol com a peneira.
Então era como se a ditadura militar não estivesse encostando todos na cerca.
Ou que a ameaça atômica não existisse.
Como se as crianças vietnamitas não estivessem morrendo queimadas por napalm.
O que isso tem a ver com o dia das crianças?
Acreditem, tem muito.
O dia da criança, comemorado dia 12 de outubro, tem a ver com uma fábrica de brinquedos.
A ideia era ter mais um dia de presentes para as crianças, ou seja, comércio!
Claro que nem todos (eu entre esse todos) podiam ter brinquedos novos.
Hoje esse número parece ter aumentado, e o abismo entre os que têm e os que não têm aumentou muito.
E a coisa não fica só no “não ter brinquedos”.
É não ter casa, comida, saúde, direitos, escola, paz.
Vejo os conflitos se multiplicando pelo mundo e só os atingidos são as crianças, as mulheres, os idosos.
Como pensar em um dia das crianças vendo isso?
Olho meu país e, a cada dia vejo uma diferença gritante entre as crianças que têm e as que não têm.
São crianças que já nascem sem direitos, sujeitas às maiores violências.
Essas crianças são “abortadas” pela vida toda.
No entanto, vejo nas crianças do Brasil uma RESISTÊNCIA.
Elas ousam brincar, rir, cantar, aprender, sobreviver!
Então, nesse dia das crianças, meu desejo é não ler sobre nenhum conflito armado.
Nem um genocídio mais.
Quero esse mundo livre do mal, da destruição, da fome, da ganância.
Finalmente, eu quero esse desenho que coloquei para ilustrar virando realidade.
Crianças de todas as cores, credos, condições realmente vivendo para a felicidade.
A minha criança de 1967 viveu sob uma guerra que matava milhares de civis (Vietnã), e outros conflitos.
Cresci, e nada mudou. Tudo em nome da ganância.