Hoje, o chamado “Domingo de Ramos”, para quem não sabe, é o encerramento da quaresma.
Sei que o Google está apontando a quinta-feira do “Lavapés” e da Última ceia como final.
Mas isso é incorreto.
Quaresma é o período de 40 dias iniciados na quarta-feira de Cinzas, em que os católicos iniciam um período de caridade, jejum e abstinência.
Então, o domingo de Ramos é o início da semana Santa que termina na Paixão, morte e ressurreição.
E porque estou escrevendo isso tudo?
Simples…
Porque a caridade não deve ser praticada apenas nesse período, mas o tempo todo.
Fé é algo que nos sustenta, mesmo nos momentos difíceis.
E eu tenho fé de que um dia as pessoas darão mais valor ao que realmente importa do que aos seus egos vazios e carentes.
Preciso acreditar que pessoas más, que caluniam, humilham e fazem o possível para se sentir superiores vão se emendar.
Me perdoe, meu Deus, pois sou a maior de todos os pecadores.
Eu juro que eu tento não fazer juízo, mas fica difícil quando tudo que ouvimos são barbaridades do tipo:
“foi estuprada porque se vestiu assim ou assado”;
“mulheres estão se negando a ter filhos e preferindo criar gatos”;
“são vocês que estão negando a vida”…
Porque continuam nos culpando pelos males do mundo?
Somos nós que causamos a morte e a destruição?
Não me levem a mal, sei que há mulheres que são verdadeiras pestes, mas não somos nem de longe as causadoras das guerras, fome e miséria…
Mesmo que essas palavras (guerra, fome, miséria), sejam substantivos femininos, acredite, até isso é de um incrível machismo.
Queria neste domingo de Ramos ter a certeza de que as pessoas entendem o sacrifício que foi feito por nós.
E que entendessem que quaresma não é só pra meditar sobre o sacrifício libertador da Páscoa.
Temos que nos emendar.
Enquanto acreditarmos que só poderosos têm razão enquanto a maioria morre à míngua, de nada vale o sacrifício Pascal.
Hoje, particularmente hoje, 24 de março, é data do assassinato de Dom Oscar Romero, recentemente elevado à honra dos altares.
Dom Oscar era arcebispo de El Salvador e um dos criadores das Comunidades Eclesiais de Base.
Ele também era um pregador pelos pobres e abandonados, que são invisíveis aos olhos de gente que se diz cristã.
Do mesmo modo como muitos que estão no abandono das nossas ruas, à espera de ajuda para seu problema.
Santo Oscar Romero morreu celebrando a missa no ano de 1980.
Com ele quero rezar:
“Oremos em Cristo crucificado novamente na dor dos pobres. Dor capaz de golpear e esclarecer a consciência humana, dor que leva à ressurreição”.
Quero, assim como os ramos caídos pelas vias, que caiam as máscaras daqueles que mudam seus atos apenas por conveniência.
Deus me perdoe.