Eu deveria fazer um adendo dizendo que entendo, mesmo não aprovando a violência.
Mas, ao que parece, o mundo quer testar a nossa paciência.
Isso vai além de ofensas a uma mulher, negra, com uma doença.
Três coisas que por si só não deveriam gerar piadas.
Mas é sobre pessoas que resolvem interpretar tudo de acordo com a própria conveniência.
Pior… Essas pessoas fazem tudo dando a sua própria interpretação às palavras dos outros.
Há um debate sobre os termos: “produtor rural” e “latifundiário”.
Entrei nesse debate porque um idiota resolveu que estou “atacando o primeiro” que poderia se tornar o segundo.
Bem, eu espero que não.
O primeiro está plantando e realmente alimentando o país.
Porque o país, nação, pátria são as pessoas que vivem nele.
O segundo tem uma extensão de terra IMPRODUTIVA, e quando produz é uma MONOCULTURA, que só enriquece o bolso dele.
Essas pessoas, que confundem uma coisa com outra, fazem isso por maldade?
Ou porque são umas pessoas que resolveram tornar tudo simplista?
Para essas pessoas, ser patriota é fazer fila na escola e jurar bandeira.
Mas pelo amor de Deus! É mais que isso!
É lutar para ter dignidade e saber que essa dignidade não lhe será roubada!
Mas, eu devo estar errada.
Afinal o que me trouxe a defesa de todas as vidas?
Nada. Eu sou uma fracassada.
Pelo menos aos olhos de muitos eu sou uma fracassada.
Já que nem consigo pagar meu aluguel e estou só esperando ser jogada na rua.
Não consigo emprego, mesmo me candidatando até e vendedora de picolé todos os malditos dias.
Sim! Eu me candidato a tudo! E aceito qualquer trabalho.
Mas, parece que não presto para nada.
Não presto para escrever, o que, aliás, é minha profissão.
Nem para angariar uns poucos leitores.
E não presto para ser atendente de fast-food.
Na minha busca por trabalho, tenho me aplicado até a trabalhos que pagam 30 reais por texto de 400 palavras. Com Nota Fiscal!!!!
Acham fácil? FAÇAM VOCÊS!
E na minha incompetência, nem isso está acontecendo.
Nessa hora eu penso muito em todos os que estão mais abandonados do que eu.
Porque eu ainda tenho o que agradecer.
Sim, porque há pessoas que estão morrendo à míngua.
E ainda tenho que ver uns idiotas que nem sabem o significado das palavras abrirem a boca.
Ou usarem seus dedos sujos para escrever bobagens.
Dizem que a maior arma do totalitarismo é a descaracterização do ser humano.
Estão conseguindo seu intento comigo.
Não sou especial nem nisso. Porque milhões de seres humanos estão sendo descaracterizados.
Jogados à margem e ainda ouvindo: “você mereceu isso”.
Eu me pergunto todos os dias: mereci?
Garanto que tentei ser a melhor versão de mim.
Mais do que muitas pessoas que conheço.
Só para terminar: hoje eu mandei 23 currículos e fiz mais umas 10 inscrições em plataformas de busca de trabalho.
Escrevi um texto para um cliente que vai me pagar uns 50 reais.
Recebi quatro nãos de empregos aos quais concorria.
Ah! Os nãos vieram de robôs.
Não há nenhum ser humano do outro lado.
Em um de seus sermões, o papa Francisco nos convida a termos cuidado com as palavras que usamos e que podem “alimentar preconceitos, levantar barreiras e poluir o mundo”.
Ele nos pede para refletir antes de falar.
Mas, papa, isso só é possível em um mundo que pensa no próximo e deseja o bem do outro.
Não sei se isso acontece em um mundo em que só os “bem-sucedidos” são considerados.
Voltando ao Will Smith, não aprovo a violência do ato.
Mas entendo o que é ser levada ao limite.
Mesmo com todas as coisas que faço, penso e digo, uma coisa me irrita ao extremo:
Gente que se acha muito esperta.
Os que acham engraçado falar montes de bobagens e achar que isso é o certo.
Ou gente que se deu bem fazendo alguma coisa, e acha que é a saída para todo o mundo.