Grito dos Excluídos


 

Eu deveria começar esse texto explicando o que é o Grito dos Excluídos, que existe há 30 anos e acontece todo dia 7 de setembro.

Mas eu vou começar explicando que os excluídos, chamados por alguns de “minorias”, na verdade não o são.

Pessoas pretas são excluídas, e não importa sua posição social; mulheres são excluídas; LGBTs; moradores em situação de rua; indígenas etc.

Alguns desses grupos, particularmente, podem ser minorias, mas não unidas aos outros grupos.

Esse talvez seja o motivo dessa união, que quer mostrar que nós ainda estamos aqui, lutando por direitos inalienáveis de todo ser humano.

E antes de alguém falar algo como: “você é ingênua; ainda acredita”, eu respondo que sim.

Podem me chamar do que for, mas, pelo menos, não sou alienada.

Sim, porque todos os que me dizem essas coisas também são as pessoas que afirmam que nenhuma causa adianta.

Também são as que dizem que toda eleição é inútil e todos são iguais.

 

Mas, como as pessoas não nascem em vasos eu digo, será?

Porque as pessoas não são iguais. Já encontrei bons e maus em todas as partes por onde transitei.

O que continua igual é a má vontade de muitos humanos com aqueles que são mais humildes, fracos e sem uma perspectiva de futuro.

O grito acontecer no dia 7 de setembro é um contraponto ao grito do Ipiranga, que, tecnicamente, nos libertou.

Os excluídos ainda gritam por seus direitos.

Estou ouvindo algumas vozes dizendo: ‘não tenho dó’; ‘se não tem é porque não mereceu’.

Não vou contestar nada porque cansei de discutir com pessoas que nasceram e cresceram sem olhar de verdade à sua volta.

São pessoas que se dizem cristãs, mas nunca leram de verdade os evangelhos.

E nem estou falando dos que dizem que “encontraram Jesus”, mas só sabem roubar o pouco que os pobres e famintos têm.

Então, para terminar, o Grito dos Excluídos existe há 30 anos, e no próximo dia 7 de setembro acontecerá em Diadema, na frente da igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.

Quero muito que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que estabeleceram o Grito, tenha orgulho do evento desta cidade.

Estamos trabalhando muito para levar esse grito para chegar a cada canto deste país.

Enquanto tiver alguém sem teto ou comida…

Sem terra ou saúde…

Crianças sem escola…

Pessoas escravizadas ou em situação análoga à escravidão.

Violência na cidade e no campo.

 

Indígenas tendo que lutar por aquilo que sempre foi deles.

Mulheres agredidas a cada seis minutos.

Enquanto isso tudo e mais acontecer, continuaremos gritando.

Venha somar suas vozes conosco.

Temos gritos por todo o país.

O nosso é o Grito dos Excluídos do ABCDMRR

 

 

 

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