Ler ou não ler: será essa a questão?


 

 

Estive neste mês em duas feiras literárias.

A primeira, na cidade onde eu moro, que estava entre inovações, criatividades e fim de festa.

Sério, a Flid (Feira Literária de Diadema), teve coisas de me emudecer diante do retrocesso, e outros que me deram esperança…

Então: muito obrigada ao coletivo Ocutá por chacoalhar minhas emoções com a maravilhosa atuação do livro O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório.

Portanto: muito obrigada à Flid por homenagear a incrível Carolina Maria de Jesus, autora de, entre outras obras, “Quarto de Despejo” e “Um Brasil para Brasileiros”.

Mais recentemente, na 7ª Feira Literária de Santo André (Felisa), mais coisas vieram dar safanões ao meu espírito.

Entre as homenagens de sempre, poetas inscritos em concursos, muita gente criativa se encontrando e discutindo as notícias ruins.

Pela primeira vez a quantidade brasileira de leitores era menor do que a de não leitores.

 

Então vêm as obviedades do tipo: livro não é necessidade; é caro etc., alguém tocou o dedo na ferida, com a frase: estão nos emburrecendo.

O homenageado, que frequentou a mesma biblioteca que eu, a Monteiro Lobato, em São Bernardo, disse algo que mostrou outras feridas.

O prefeito que está saindo agora de São Bernardo fechou (SIM!) duas bibliotecas, destruiu espaço de uma terceira, além de um teatro e um espaço cultural na periferia.

Então me lembrei dos prefeitos que faziam coisas para trazer desenvolvimento, o que não se consegue com pessoas sem acesso à educação e cultura.

Não sou filha de pai rico e biblioteca era o jeito de ter mais conhecimento acessível.

Lembramos de fazer trabalhos nas bibliotecas, e, claro (!), dos bibliotecários, aqueles seres de luz que nos cuidavam enquanto estávamos sob seus olhos.

Durante essa Felisa, fizemos de um tudo para mostrar que somos resistência.

Amigurumis
Passo a passo você fará lindos amigurumis para enfeitar seu natal e sua vida!

Não podemos nos render, e temos que reverter esse festival de gente que fala pelas tripas do Judas, mas não diz nada.

Gente que não sabe o significado das palavras e que não tem nenhuma bagagem para debater qualquer assunto.

Temos que levantar e resistir.

Não é mais possível deixar tudo se acabar.

Lembrei de uma cena de filme em que um moço resolve salvar a bíblia de Gutenberg por representar o nascimento da idade da razão.

Precisamos fazer nossas crianças voltarem a ler antes de chegar às telas.

Não podemos deixar o vírus zumbi se apossar de tudo.

Ler é resistência, e as bibliotecas públicas são nossos fortes encastelados, de onde jogaremos letras, sílabas, palavras, até que tudo volte a fazer sentido.

 

 

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