Pato assado e a filha do amigo do meu pai


Falta uma semana para comemorar o dia dos pais, e eu gostaria de lembrar um pouco do meu.
Esta semana escreverei várias coisas sobre paternidade.
Algumas serão pessoais, como esta aqui.
Meu pai não era pessoa de convívio fácil, mas não quero lembrar coisas ruins.
Apenas algumas coisas mais humanas, de como ele às vezes ficava frágil diante de algo que não podia resolver.
Ou de como viciou os filhos em Mistério Magazine, um livrinho mensal que era vendido em bancas de jornal entre os anos 1930 e 1970.

Até hoje não consigo ficar uma semana sem ler alguma história de mistério dos livros do meu pai (ainda tenho vários!).

Mas hoje quero lembrar o prato favorito do meu pai e, confesso (!), meu também: pato assado.
E foi em uma época assim que minha mãe fez pato assado (receita dela) e convidou um amigo do trabalho do meu pai, recém-viúvo, e a filha deste para um almoço de domingo.
Naquela época era muito mais fácil encontrar patos à venda nas granjas da região, e eram frescos.
Minha mãe limpou temperou e assou dois patos, que seriam acompanhados de farofa úmida, arroz branco e uma bela salada de palmitos.
Estávamos salivando e famintos.
E o tal amigo do meu pai demorava a chegar.
Mas, finalmente, quase duas da tarde, chega o distinto com a garota mais mal-humorada que jamais vi.

Nos sentamos à mesa, após lavar mãos etc.

Como manda a educação, esperamos as visitas serem servidas antes.
Quando a garota, até o momento calada, solta a pérola: “não tem arroz com feijão”?
E lá se foi minha mãe para a cozinha esquentar o pouco de feijão para a visita chatinha.
Enquanto isso, todos nós praguejávamos em silêncio, diante do maravilhoso pato que esfriava na mesa.
Tenho certeza de que vocês entenderão nossa agonia se fizerem essa ótima receita!

Ingredientes

Um pato inteiro com peso acima de 1,5 kg
Duas cebolas brancas grandes picadas miúdo
Uma xícara de vinho (seco, por favor), não importa se é tinto ou branco
Duas colheres de chá de sal
Um dente de alho esmagado
Meia xícara de óleo
Cravos da Índia
Pimenta-do-reino
Uma colher de chá de mostarda em grãos.

Preparo

Antes de mais nada, patos são vendidos congelados hoje em dia.
Portanto deixe na parte mais baixa da geladeira de um dia para o outro para descongelar.
Retire os miúdos de dentro e lave o pato em água fria e corrente.
Misture todos os ingredientes do tempero em uma tigela maior e mais alta que o pato.

Deixe descansar nesse tempero de um dia para o outro.

Vire algumas vezes, mas deixe o peito para baixo por mais tempo.
Essa é a parte que tem a maior quantidade de carne requer mais cuidado.
Como o pato é muito gorduroso, não o deixe assar na sua própria banha.
O melhor assá-lo sobre uma grade.
Existem algumas assadeiras que já vêm com essa grelha, mas se não tiver, retire a gordura uma ou duas vezes enquanto assa.

Coloque o pato na assadeira com o peito para baixo, cubra o fundo com água ou com vinho branco.

Feche a assadeira com papel alumínio, mas não prenda demais o papel na assadeira.
Você vai precisar regar o pato e olhar o ponto de cozimento, ou retirar os excessos de gordura.
Asse o pato no forno previamente aquecido em temperatura média (180oC), o tempo total é em torno de duas horas.
Quando a carne estiver cozida, vire o pato com o peito para cima, descarte o papel alumínio e volte ao forno para dourar.
Nada mais gostoso que a pele crocante do pato.

Dica 1- 

A gordura de pato que você retirou durante o tempo de assar pode ser guardada e utilizada em outros pratos.

Dica 2-

A farofa úmida para acompanhar pode ser feita com farofa pronta (aquelas com farinha de milho e mandioca), ou juntando essas duas farinhas.
Basta refogar uma cebola bem picada e um dente de alho na gordura do pato e misturar uma xícara de cada farinha.
Ponha azeitonas picadas e um pouco de água para umedecer.
Antes de secar totalmente as farinhas, desligue e tire do fogão.
Outra dica é usar os miúdos de pato bem picados na farofa.

Mas, como não é todo mundo que gosta, não precisa colocar na receita.

 

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