Não é segredo algum dizer que o desemprego atingiu níveis absurdos no Brasil.
E pode acreditar que ficar entrando na onda de “é a crise”, “pandemia”, “está todo mundo com problemas”, ou “quem quer trabalhar procura, e se não procura é vagabundo”, tenho algo a lhe dizer:
Abra sua mente, porque esse tipo de pensamento de gentinha é que está levando o País para o buraco.
Somos milhões de pessoas à procura de trabalho, porque sem trabalho, não se paga conta nenhuma.
Não se mora, não se come, não se anda nem de ônibus nem de carro. E a economia não gira.
Para os otimistas de plantão, que falam sobre alta na bolsa, vou puxar um tapetinho…
Lucro de dinheiro feito com dinheiro não se sustenta.
Foi assim que começou o crack da bolsa de 1929.
Todo mundo investindo em papel, que sem o lastro da produção e do livre comércio, levou o mundo à falência e à guerra.
Mas voltemos ao emprego.
Falemos da minha área (comunicação) e como vai a coisa.
De uns tempos para cá foi tanto jornal, editora e revista pedindo arrego que nem sei se ainda teremos empregos formais na área.
A saída para muitos é abrir uma pessoa jurídica para emitir nota fiscal para alguém que vai contratar seu trabalho como se você fosse funcionário, mas sem pagar os direitos trabalhistas.
Despesas com refeição, transporte, direitos trabalhistas e previdenciários são por sua conta.
Mas as exigências continuam e você ainda tem que bater o ponto.
Aliás, estão exigindo MBA, inglês nativo, especializações em marketing digital etc., mas você só vai receber umas mil pratas e ainda terá que dar nota fiscal.
Sei que pareço estar me repetindo e já falei do assunto aqui, mas o problema só cresce.
Pior é que as pessoas parecem não perceber que o buraco cresce cada vez mais.
Todos os dias milhares de pessoas perdem seus empregos e, com isso, sua condição de sobrevivência.
Hoje cedo, enquanto caminhava para tentar manter um pouco da minha sanidade física e mental, encontrei uma amiga de muitos anos, quase na mesma situação que eu.
Digo “quase”, porque ela conseguiu se aposentar.
Porém, a vida continua e aposentadoria no Brasil não sustenta ninguém e essa amiga continua procurando recolocação.
Do mesmo modo que eu continuo e muitos amigos meus também continuam.
O que temos em comum além do desemprego?
Muitos de nós passamos dos 50 anos e já fizemos de tudo na vida.
Trabalhamos com afinco, mas sempre acabamos recebendo um tapinha nas costas e um “você é ótimo profissional, mas a crise”…
E nem posso dizer que estou para me aposentar.
Porque mesmo tendo trabalhado, tive muitos trabalhos na tal da “informalidade”.
Do mesmo modo da “uberização” atual, ou você aceita as regras ou não tem trabalho. E assim segue a banda.
Só hoje, me cadastrei para 14 vagas (entre empregos formais e pessoa jurídica).
Garantia de retorno? Não sei. Hoje tudo está como se fosse uma loteria.
E a crise e a pandemia? Continuam.
A única certeza é que não terei como pagar contas no fim do mês.
Aliás, não posso dizer a vocês qual é a chave secreta para encontrar trabalho, porque isso não existe.
Vamos em frente até onde der.
Há muito ainda que se falar sobre o desemprego e a perda de direitos trabalhistas.
Mas de tudo o que estamos perdendo com a falta de trabalho, a nossa dignidade e nossa autoestima são s piores coisas.
A cada NÃO que que ouvimos é como um novo desprezo em nossas vidas.
Porém não nos deixemos abater.
Vamos nos reciclar mais e mais e combater o desemprego com trabalho e estudo.