Vamos plantar e mudar o planeta


Como fazer uma horta comunitária

Em uma semana na qual vi meu bairro mais sujo e sem verde do que jamais tinha visto.
Numa semana em que vi uma grande corporação querer barrar a venda de sementes por pequenos agricultores.
Em que vi que ao invés de misericórdia, a raiva cresce nas pessoas, nada mais importa.
Preciso ensinar aquilo que aprendi e que pode mudar o mundo, mas de forma local.

O mundo não muda de cima para baixo.

Como uma casa, ele precisa que a base esteja bem alicerçada.

Já falei várias vezes sobre hortas comunitárias, e a popularidade delas cresce a cada dia.
Para quem quer iniciar um desses projetos em seu bairro ou cidade, mas ainda não sabe como começar, eis aqui um passo a passo para transformar a vontade de plantar e colher em realidade.

Número 1: Comece a falar sobre uma horta comunitária com sua vizinhança.

Antes de plantar a semente, plante a ideia.
Converse com pessoas de sua comunidade e fale sobre os benefícios e as vantagens que uma horta comunitária pode trazer.
Deixe que eles percebam a sua vontade em fazer acontecer e sejam contagiados por isso.

O próximo passo é encontrar um espaço ideal.

Dizem que nas grandes cidades as áreas livres estão cada vez mais escassas. Mas isso não é totalmente verdade.
Aqui em Diadema, já vi hortas que nasceram sob as torres de alta tensão.
Hortas criadas em terrenos baldios e em espaços degradados ao lado de grandes empresas.
É possível! O terreno tem que ser ensolarado.
O solo não precisa ser perfeito, pois ele pode ser substituído por terra nova ou tratado sem grandes alterações ou investimentos.

Pesquise se existe algum tipo de subsídio na sua região.

Algumas prefeituras cedem sementes, ferramentas e até instrutores para ensinarem as primeiras técnicas.
Existem também ONGs e coletivos que ajudam os novos agricultores.
Pesquise e aproveite os benefícios que essas trocas podem gerar.
Aliás, pesquise sobre tudo. Sempre aprenda novas técnicas.
A internet não existe só para ler fofoca.

Inicie um sistema de compostagem.

Umas latas com um pouco de terra, onde jogamos restos orgânicos, como cascas de cebola e de frutas.
Não deixe de cobrir bem esses locais pois o cheiro de uma composteira é de decomposição.
O adubo produzido pela composteira é usado na plantação ao invés dos fertilizantes industriais.
Os próprios participantes fazem a compostagem.
MAS, não se esqueçam de sempre trabalhar com luvas para manusear o adubo orgânico.

Designe canteiros para cada família ou pessoa participante.

Quando cada um é responsável por seu canteiro a horta flui melhor.
As sementes devem estar disponíveis para todos os participantes e estes podem escolher o que será plantado no seu espaço.
Além disso, é legal incentivar os participantes a criarem suas próprias mudas.
Trocar mudas e sementes entre si aumenta a variedade no plantio.

Mas, cuidado! Usem apenas sementes “crioulas”, cujas plantas se reproduzem.

Cerquem o terreno.

A questão não é impedir que a comunidade entre na horta.
Precisamos evitar a entrada de animais domésticos no local de plantio que podem estragar os canteiros e o solo.

Criem regras para a horta.

Em hortas comunitárias é preciso planejamento.
Escalas que determinam dias e horários dos responsáveis pela rega das plantas, por exemplo, é algo essencial.
Isso evita que o local receba água de mais ou de menos.
Mutirões de plantio e limpeza também são sempre bem-vindos.
Ah! E procure uma tabela de datas para o plantio.
É bom que todos saibam o que e quando plantar.

Manter e melhorar a horta são os próximos passos.

Se for necessário, criem um conselho com pessoas aptas e dispostas a solucionar atritos, receber sugestões e elevar a qualidade da horta urbana.
Receber bons conselhos e trocar experiências é essencial para manter o grupo unido e melhorar o plantio.

Se for possível, convidem palestrantes para dar conselhos e incentivar a comunidade.

Depois dessas sugestões, que, espero (!), lancem sementes para muitas novas hortas espalhadas pelo país.
Uma última sugestão:

Façam uma festa da colheita e convidem as suas comunidades.

 

Não apenas os participantes da horta.

Mostrem no seu bairro ou vila, o quanto é saudável plantar e colher os próprios alimentos.
Deixe verem o que aquele “pedaço de verde” trouxe para a sua região.
Quem sabe isso não se torna a raiz de muitas hortas comunitárias!

Vamos plantar afeto e arrancar as ervas daninhas.