Estava eu andando pelo centro de Santo André ontem à tarde, depois de sair da Banca Mikei.
Este é um lugar por onde eu passo sempre que posso.
Gosto de ver as novidades e bater um papo com os amigos Rafael e Milton.
Então fiquei matutando sobre a conversa mais recente, de como os negócios vão mal, especialmente para quem difunde cultura.
Afinal moramos em um país que não desejo nem para o pior inimigo.
Um país sem produção, com fábricas fechando, com postos de trabalho sendo comidos pelo capitalismo selvagem.
Com negócios gigantes virando um monte de nada e deixando os trabalhadores sem ter como sobreviver.
Sem produção não há comércio; sem comércio, não há serviços possíveis.
E, no meio de tudo isso, eu fico remoendo coisas que ouço de pessoas à minha volta.
Coisas más do tipo: “não sei por que tem aula de artes na escola! Isso é inútil!”!
Afinal, para que “aprender filosofia? Que bobagem!”
Então, “aprender história é mesmo necessário?”…
Minha resposta é: SIM! Bando de lêndeas ao vinagrete!
É necessário sim! Para não criar burros iguais a vocês!
Aliás, perdão para quem achar que estou ofendendo os burros, não foi intencional!
Minha revolta (que estou regurgitando) explodiu quando vi que uma livraria Saraiva está fechando.
Esta que anteriormente foi uma das livrarias Siciliano mais bem-sucedidas do Grande ABC, não existe mais.
O espaço agora pertence a mais “rei do real”, ou qualquer outra tranqueira.
Não me entendam mal.
Adoro lojas de tranqueiras, mas sei, com certeza, que isso não se sustenta no longo prazo.
Conhecimento se sustenta. Cultura se sustenta. Sabe por quê?
Porque tudo o que nos ensina e que nos faz pensar leva à solução de um problema.
Afinal nosso cérebro é feito para pensar.
Jamais use o senso comum ou o preconceito para emitir “opinião”.
Afinal, isso não é opinião, é palpite infeliz.
Pensar pela própria cabeça é olhar em volta e imaginar um mundo melhor para nós e nossos filhos, famílias, amigos.
E isso demanda muito mais do que aprender apenas a apertar um botão para fazer o trabalho.
Então se as pessoas acreditam que não precisamos estudar mais história, o que dirá sobre aprender português e matemática?
Afinal são as próximas da fila.
Se bem que, se olharmos criticamente para as mensagens enviadas e posts colocados nas redes sociais, o português já era.
Neste momento vejo e ouço gente que acha muito normal esbravejar que “NÃO LÊ JORNAL E NEM ASSISTE!”
Será que a braveza é consigo mesmo por não entender o que está acontecendo?
Ah! Esse é o mesmo tipo de gente que reclama de levar o filho à UBS para tomar uma vacina e descobrir que não é dia de vacinação.
Então você pergunta: onde você leu que era dia de vacinação?
Aí a pessoa responde: “no whats app”.
Então a Defesa encerra Senhor Juiz.
Se vocês realmente acreditam que não precisam de livros para aprender…
Não precisam de escolas públicas decentes; nem livrarias; jornais; professores etc.
Ou “acham” (entre aspas mesmo) que tudo pode ser resolvido na pancada, lamento informar:
Você será contado entre o número de mortos, porque não aprendeu e não sabe lutar.
Terminando: apenas as pessoas que aprenderam certas coisas entenderão este artigo.
Somente os que sabem a importância da arte, da cultura, de qualquer área do conhecimento para a formação e evolução do ser humano.
E quem entendeu apenas algumas partes, porque há “palavras difíceis”.
SENHORAS E SENHORES! Aqui eu apresento uma invenção revolucionária: DICIONÁRIO!
As palavras estão todas lá. Tire os olhinhos da maldita tela do celular e leia um livro.
Leia uma revista em quadrinhos.
Vá ao cinema para ver algo mais que romance boboca e filme de super-herói.
Mas, pelo amor de Deus! APRENDA!!!!
10 respostas para “O fim da Livraria Saraiva Santo André ou o fim do conhecimento”
Minha Cara Rita
A impressão que tenho é que estamos de ladeira abaixo e em alta velocidade.
Creio que vai sobrar muito pouco quando essa onda fascista passar.
Só nos cabe fazer duas coisas: Formação e Organização.
Ótimo texto. Parabéns!
Obrigada Toni! Você tem um sobrenome que não mostra o líder que você é!
Passeando pelos shoppings por aí, as vezes para matar o tempo, esperando o horário do médico ou algo assim, procuro livrarias, porque lendo o tempo passa mais rápido(kkk). Pois bem, a maioria deles não tem livraria e as que resistem estão perdendo espaço, ficando cada vez menores. O prazer de sentir o peso, o cheiro de páginas novas com estórias ou histórias levando nossa mente para passear e o mais importante pensar.
Pensar dá trabalho, pesquisa dá preguiça…e a pasmaceira geral me dá desespero.
O prazer de ir a biblioteca e descobrir segredos em anotações antigas de livros que ensinaram tanto, isso achei que ninguém me tiraria, mas estou perdendo a aposta.
Não sei quem é Rita Palladino, se tem 20 ou 80 anos.Mas, já estou apaixonado por ela.
Márcia… faço minhas suas palavras, mas temos que encontrar forças e lutar para que as trevas não prevaleçam!
É lamentável mesmo a situação que estamos vivendo…..uma completa inversao de valores.
“21 de set de 2017 · Saraiva fecha loja no Centro de Sto.André.”
Pra senhora ver há quanto tempo não passava nem em frente da livraria. Por isso elas fecham…
Prezado Adelmo, eu não vou ao centro de Santo André toda hora. Posso não passar na frente DESTA livraria em questão, mas passo e entro em várias livrarias. E não tenho certeza se o senhor entendeu o intuito da postagem, mas não estou lamentando apenas pela livraria em questão, mas pelo desmonte de todo e qualquer parte que difunda a cultura. Interpretar textos também é importante, não apenas lê-los
Rita. É uma verdadeira guerra manter uma loja/sebo/livraria aberta. Temos que nos desdobrar… Vamos tentando nos manter vivosce reinventando, cultivando um ambiente agradável e de troca cultural.
Temos que resistir Rafael. Este mundo não pode ser ocupado pelos medíocres. Lembremos que, em outros tempos onde o fascismo imperou, queimaram livros e mataram cruelmente pessoas, mas eles passaram e isso também passará