O trabalho dignifica o homem


Quando comecei a escrever esta postagem, ainda trabalhava para um órgão público, onde eu, entre outras coisas, olhava postagens do Facebook e fazia meu trabalho de responder aos munícipes suas demandas.

Então me deparei com a frase do título: “O trabalho dignifica o homem”.

Nestes tempos que estamos vivendo, muito há que se pensar sobre isso.

Sim, o trabalho dignifica, mas não apenas o homem, porque mais de 50% da população economicamente ativa é composta por mulheres.

Enfim, preciso dizer que essas mulheres estão trabalhando em condições quase desumanas.

O trabalho dignifica o homem, mas a exploração não dignifica ninguém.

E isso tem acontecido por demais nestes tempos em que o lucro a qualquer preço tem sido a ordem.

Primeiramente, quero afirmar que nem todo empresário é um explorador do trabalho alheio, mas todo explorador é um empresário.

Há muitos anos escrevo sobre a necessidade de defender o trabalho humano e sou entendida por cerca de meia dúzia de pessoas.

Sabemos que a sede de lucro a qualquer preço destruiu o trabalho; o trabalhador; e vai destruir qualquer meio de produção.

Então, máquinas podem produzir, mas não podem consumir.

Máquinas não vão gerar riqueza.

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Não é por nada não, mas a origem da palavra robô é ‘robota’, uma palavra tcheca que significa “trabalho forçado”.

Dizem que a escravidão no meu país terminou em 1888, mas não creio que isso seja verdade.

Ainda hoje precisamos nos submeter a coisas absurdas para conseguir trabalhar e sustentar a nós mesmos e a nossos familiares.

Falarei de uma experiência pessoal, que nem é um horror, mas vou chamar a atenção para coisas que acontecem de verdade e que ninguém se dá conta.

Sou jornalista, e antes que alguém romantize a profissão, ela tem muito pouco de romântica.

Este é o país onde as pessoas preferem acompanhar o boato ao invés de ter a verdade esfregada na cara delas.

Já trabalhei em revista que me descontou INSS, mas não pagou, e agora, se eu quiser comprovar o período, tenho que tirar do meu bolso, de novo (!), o valor que deveria ter sido pago por meu empregador.

Mas, coitadinho do empregador, ele não contrata se não roubar direitos dos funcionários…

Pelo menos é essa falácia que se ouve a bandeiras despregadas de governantes que também resolveram fazer do povo brasileiro o “Judas de Sábado de Aleluia”.

Então: nada tenho contra o trabalho, até porque só consegui o pouco que tenho trabalhando.

Sim, na hora do sufoco contei com amigos e parentes que me socorrem ainda.

Porém tenho tudo contra o regime de semiescravidão instalado neste país e que persiste.

Mal começamos o novo governo e cada vez que se fala em recuperar direitos e acabar privilégios é um surto.

Por que essas pessoas não surtam de ver um ser humano vivendo nas ruas, com fome, despido, sem ter onde encostar a cabeça?

Talvez seja mais POP falar de 40 bilhões em rombo de uma empresa que vai demitir funcionários antes de se ajustar?

Dia após dia vejo pessoas se colocando nas situações mais absurdas apenas porque precisam do trabalho para se sustentar.

Gente vendendo coisas nos transportes coletivos, nas ruas, nas barracas improvisadas.

Pessoas fazendo jornada tripla de trabalho e recebendo só por uma.

Gente cuja aposentadoria não está garantida, mesmo tendo contribuído, porque alguém acha que essa pessoa está “ganhando” alguma coisa.

Deixem-me dizer: aposentadoria é receber de volta o dinheiro descontado dela para esse fim.

Não se engane dizendo que o brasileiro é vagabundo.

O brasileiro trabalha para caramba e não consegue ter nem os direitos mais básicos. Porque?

Por conta de um sistema de castas (o de classes já foi superado), que diz que um trabalhador não pode conseguir nada com o esforço do seu trabalho.

Mas, caro leitor, podem acreditar: alguém enriquece à custa desse trabalhador.

Há dois governos atrás começaram a rasgar a CLT e depois rasgaram a Constituição.

Precisamos recuperar esses documentos e fazer a Lei valer de verdade.

Quando vejo a frase que abriu essa postagem, lembro de outra: “O Trabalho Liberta”.

Esta frase que citei estava escrita na entrada do campo de concentração de Auschwitz.

Guardadas as proporções, as duas querem dizer a mesma coisa.

Liberta quem? Dignifica quem?

 


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